Foi no Penedo da Saudade que a reconheci. Era madrugada, quase manhã, e o perigo adormecera ao primeiro sinal do raiar de um novo dia.
Ela trazia o nervosismo habitual e o silêncio apaziguador. Limitava-se a sorrir enquanto eu demonstrava o meu conhecimento sobre a cidade que acabara de nos unir.
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Aeminium é o nome romano de Coimbra - comentei.
Ela não disse nada.
Deixou o vento responder,que se manifestou com uma brisa mais forte.
Percebi o sinal e abracei-a.
Nessa altura, creio que ambos fechámos os olhos, como se nos quiséssemos ver por dentro um do outro. Como se quiséssemos estar dentro um do outro.
Entretanto, ouvia-se, atrás de nós, um barulho intermitente, mas constante. Semelhante ao de uma carrinha com caixa frigorífica a fazer marcha atrás.
- Que raio! - pensei - quem será?
Abri os olhos e vi que passavam dois minutos das sete da manhã. Com uma palmada, desliguei o despertador, afastei os cobertores e olhei para o tecto do quarto.
- Tenho que parar de sonhar com isto - murmurei.