"Aquilo que não sei não me magoa!"
João repetia isso vezes sem conta, com medo que se pudesse esquecer. Mas ainda não tinha descoberto que, se esquecesse essa frase, também essas palavras deixariam de o magoar.
Ele sabia que o que não sabia não o magoava. E isso, infelizmente, era o sinal de que o que ele sabia o magoava.
Dá para perceber isto?
Ou terei, simplesmente, que escrever:
"É preferível não saber nada sobre ela, assim nada do que possa descobrir me vai magoar".
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15 comentários:
Eu percebi:) e gostei!!
Para mim faz todo o sentido, é a tal história que falava nos comentários lá de baixo! Ele sabia, tanto sabia que evitava pensar nisso, se não o soubesse não precisaria de evitar!
No entanto, ele não sabia que sabia... Sentia um preenchimento desconfortável na presença dela, se nunca pensar num afastamento... Simplesmente não pensava para não perceber que o que os unia era mais que uma admiração, uma afinidade, era um sentir complexo e profundo!
O João sentia o que não sabia sentir!!
"Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo."
"E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir."
Esta era uma das músicas que o João teimava em não ouvir. O embaraço que sentia camuflava o sentimento não expresso, transmitindo à Tânia um amor de compaixão.
O pensamento do João é traiçoeiro. Quanto mais ele se nega ao sentimento (ignorando-a), mais ele pensa nela (só não percebi se já se trata da Tânia ou da outra de Coímbra).
A associação da letra da canção foi bem pensada, Miau!
:)
Eu estou a pensar na Tânia. Porque a de Coimbra, é a "namorada", que ele tem como uma relação imperfeita, mas segura... É uma relação de poucas dependências, imperfeita para um homem como ele, porque era assim que ele sentia as relações: naturalmente imperfeitas!
Eu imaginei que a do sonho era outra mulher. Quer dizer, para além da tal namorada que existe há uma carrada de anos, existe uma outra que lhe não sai do pensamento (essa do sonho)... talvez por não ter coseguido conquistar... a Tânia surgiria mais tarde...
Mais uma boa frase para o livro:
"era assim que ele sentia as relações: naturalmente imperfeitas!"
A mulher do sonho era a Tânia esse pedaço da história é situado num espaço temporal mais avançado do que o inicio da história.
A mulher do sonho, desculpem que vos diga não era a Tânia, nem a de Coimbra, nem qualquer outra. Era a "mulher do sonho". Essa mesma! A tal com que todos sonhamos e que queremos que se torne realidade. Aliás...
(isto é mesmo muito fixe)
...
Que não queremos que se torne realidade, para não nos fugir do sonho, do único local onde a poderemos sentir nossa.
;)
O sonho de mulher pode ser a Tânia, depende da forma como escreves que reveles esse sonho ou não... No fundo, no sonho existia sim, a mulher sem face, sem imagem, sem expressão! Simplesmente o João não sentia o que não assumia sentir... é um saber inconsciente.
Na história aparecerá a tal mulher, que será revelada ou não, e essa mulher que permanece dele porque no sonho tudo é possível, se o será na realidade, depende ti
Uma mulher idealizada pelo João! Boa! Ele sonha recorrentemente com alguém, mas não consegue perceber de quem se trata... mais tarde, ao conhecer a Tânia irá descobrir nela algumas características da "mulher do sonho", o que o confunde - uma prostituta?!!
Quanto às relações naturalmente imperfeitas: todas o são; não fossemos todos nós seres imperfeitos. Talvez a perfeição resida na capacidade de o discernir.
:)
Então a mulher do sonho só pode mesmo ser a Tânia! Se é aquela com quem todos sonhamos é mesmo ela! LOL!
Eu assim concordo, ele pode não saber que a mulher do sonho é a Tânia mas mais tarde percebe isso, gosto! Para mim (que não sei o rumo que queres dar à história) só faz sentido se consciente ou inconscientemente a mulher do sonho for ela.
"Que não queremos que se torne realidade, para não nos fugir do sonho, do único local onde a poderemos sentir nossa"
Boa! Daí ele não a associar a ninguém real, o que não quer dizer que ela não exista!
O João terá que travar duras lutas com o seu interior: não querer estar apaixonado - porque se trata de uma prostituta, alguém com quem devido à sua profissão e à sua classe social, não deve se realacionar, mas não conseguir evitar estar...
Podes querer não querer, e isso é muito forte. Já se não tens vontade, se não queres, nunca alcançarás coisa alguma.
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